Quem de nós nunca ouvir falar que a ferida precisa ficar limpa e seca para cicatrizar?
Será mesmo?
Esse assunto é bem polêmico e bem antigo, ainda na pré-história, os homens utilizavam plantas e seus extratos como emplastos para estancar hemorragias e umidificar as feridas. É fato que essa informação passou de geração a geração até chegar em nossa atualidade mas, essa antiga controvérsia entre curativo seco e curativo úmido deu lugar a uma proposta atual de oclusão e manutenção do meio úmido.
Com a evolução tecnológica e principalmente com avanços científicos, alguns conceitos, terapias, procedimentos foram alterados de acordo com a descoberta de novos conhecimentos e nosso papel como agente no processo de saúde é estarmos atualizados para não causarmos iatrogenias em nossos atos.
Principalmente na medicina, as mudanças são frequentes e o processo de cicatrização também sofreu algumas alterações. O tratamento de feridas vem evoluindo desde 3000 anos A.C. Desde a década de 60 há estudos científicos que comprovam que o melhor meio para cicatrizar é o meio úmido, ou seja, não pode deixar a ferida aberta, tem que fechá-la. Mesmo porque, todos os nossos tecidos corporais precisam de umidade para sobreviver e a ferida não é diferente, pois ela contém tecidos vivos que também precisam de umidade.
Os estudos tiveram seu início pelo Dr. George D. Winter que descobriu que feridas superficiais cicatrizam duas vezes mais rápido em meio úmido do que sob uma crosta seca. E desde esta descoberta, pesquisas clínicas vem constatando que curativos que promovem a umidade, são mais efetivos do que curativos que promovem um meio seco no processo de cicatrização de feridas.
O meio úmido, portanto, proporciona várias vantagens no processo de cicatrização de feridas, dentre elas estão: evita a perda excessiva de líquidos; estimula a formação de tecido de granulação e maior vascularização no leito da ferida; facilita a remoção do tecido desvitalizado; atua como barreira de proteção contra microrganismos; diminui a dor local; mantém a temperatura do leito da ferida; evita traumas na troca do curativo, enfim, são muitas as vantagens.
Esse meio úmido deverá estar equilibrado, nem pouco nem muito, o equilíbrio sempre é a melhor opção. Nenhum extremo é vantajoso, pois se o leito da ferida estiver ressecado, ocasionará uma migração muito lenta de células epiteliais, mas, o excesso também é prejudicial pois provocará maceração da margem e pele perilesional.
Como conseguimos então proporcionar o meio úmido adequado para a cicatrização? Escolhendo o tipo adequado de curativo! Aquele que favorece a manutenção da umidade, proporcionando o meio adequado.
Quando se trata em proporcionar o meio úmido adequado no leito da ferida, os hidrogéis saem na frente, pois tratam-se de uma combinação de água e gel que possibilitam a hidratação dos tecidos. Mantém o meio úmido ideal estimulando o processo de cicatrização, mantendo a viabilidade de estruturas mais profundas como ossos e tendões expostos e auxiliando no debridamento autolítico removendo os tecidos inviáveis da ferida.